Paixão de Cristo de Macaé encanta o público durante as 4 apresentações da Semana Santa

O palco montado na Praia da Imbetiba para a apresentação da Paixão de Cristo de Macaé recebeu grande público nesse domingo, 31 de março, último dia do feriado, fechando a programação festiva da Semana Santa.

Diretor do espetáculo, Ginaldo de Souza falou um pouco da sua experiência em Macaé, onde estava trabalhando pela 1ª vez, depois de dirigir peças como essa no Rio de Janeiro e na cidade vizinha de Rio das Ostras.

“Faço esse espetáculo há muitos anos, são 60 anos de experiência, sendo 40 deles de direção de espetáculo de rua. Fiquei muito feliz com os atores aprovados nas audições que fizemos na cidade, são muito gentis, educados e bons atores, alguns trabalhando pela 1ª vez. Mas o que me chamou atenção foi o público. Eles prestam total atenção, você não ouve nenhum barulho. É um silêncio total, eles acompanham a história, acho que sofrem junto com os atores. Eu gostei muito de trabalhar aqui e espero poder desenvolver novos projetos na cidade”, disse Ginaldo de Souza.

A montagem teve como produtor e empresário responsável Oscar José, e contou com cerca de 300 pessoas, entre atores e integrantes das equipes de estrutura e técnica, que estavam envolvidas na montagem.

Entre eles, estavam 30 pessoas com deficiência (PCDs) da Escola Sentrinho de Macaé, que atuaram na figuração do espetáculo, juntamente com outros 70 atores e atrizes profissionais da região contratados depois de audições.

Protagonista da peça, o ator Alan Rocha, que interpretou Jesus Cristo, falou sobre o processo de preparação para o personagem, contando que seu 1º passo foi olhar para trás e revisitar seus momentos de religiosidade, desde sua infância no catecismo até as experiências vividas em família durante a Páscoa.

“O 1º processo do meu trabalho interpretando esse grande ser, grande homem, grande pai, grande filho que é Jesus, foi olhar para trás e rever os meus momentos com a minha religiosidade desde a época que fiz catecismo e um pouco do que vivi em família assistindo a filmes, vivenciando a Páscoa, os encontros que ficam na imaginação desde a época do meu avô, quando a gente se encontrava na Páscoa”, contou Alan Rocha.

O ator falou sobre os dias de dedicação à leitura e ao estudo do texto escrito por Benjamin Santos, e elogiou a preparação do elenco e o trabalho do diretor, que contribuíram para a construção de suas performances.

Segundo ele, para trazer ainda mais autenticidade à sua interpretação, o ator decidiu ir até o mar, buscando conectar-se com a natureza e trazer um pouco da atmosfera dos locais mencionados na história de Jesus.
“Quando eu estava com o texto um pouco mais firme, eu quis ir no mar e trazer um pouco desse lugar que tem na minha imaginação, um pouco desse lugar aberto que seria nossa apresentação e também alguns lugares que Jesus caminhou. Então estar na praia passando o texto, fazendo gestos me ajudou bastante”, revelou Alan Rocha.

Diretora da Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (Emart), a atriz e diretora Cláudia Byspo também explicou um pouco de seu processo para defender a personagem de Maria, contando como ele se conectou emocionalmente com o papel da mãe de Cristo.

“Em 1º, no meu lugar de mulher e mãe. Tenho uma visão muito particular em relação à realidade do feminino materno. Culturalmente somos colocadas em um lugar de tudo suportar e esse lugar cultural é cruel porque ele romantiza a condição de ser mãe e essa romantização nos causa dores profundas, e é o lugar onde a Maria está enquadrada nesse espetáculo”, analisou Cláudia Byspo.

Ela lembra que Maria é um personagem que recebe a missão de criar o filho para que ele seja sacrificado depois, para que ele seja a salvação do mundo, e explica que trabalhou a minúcias da situação dessa mãe que acompanha seu filho ser torturado e assassinado.

“A pedido da direção, trabalhei uma interpretação muito requintada no lugar que fala e que coloca em cheque o absurdo do corpo violentado, do corpo torturado; é a mãe diante de um assassinato”, falou Cláudia Byspo.

A atriz e diretora abordou também um momento muito especial do espetáculo, que rompe com uma imagem mansa de Maria ao ver seu filho morto, depois de tanto sofrimento pela tortura sofrida e pelo assassinato brutal.

“Neste momento é interpretação da divulgação da ira, do questionamento, de um lugar onde a Maria não está acostumada a ser vista”, disse Cláudia Byspo.

Segundo ela, Maria se apresenta com mistos de fragilidade a partir da dor maternal, mas com a força da mulher questionadora e da apresentação de uma sororidade com outras mães que perdem seus filhos cotidianamente.

“Que profundidade essa dor está guardada, enclausurada e silenciada? Rompemos bastante o lugar da mansidão da Maria para tornar ela discursante”, definiu Cláudia Byspo.

Antes das encenações do espetáculo, o público pode acompanhar, durante os 4 dias de evento, as apresentações do Coral In Canto, e, no último dia, também uma missa campal presidida pelo bispo diocesano, Dom Luiz Ricci.

“Estamos nesse domingo fechando a nossa programação com chave de ouro, recebendo o bispo Luiz Ricci. Esse ano tivemos uma novidade no elenco da encenação da Paixão de Cristo, com a verdadeira inclusão, com os alunos do Sentrinho. Além disso, a parceria do grande amigo no mundo da arte, o diretor Ginaldo de Souza. A mensagem que queríamos passar nesse espetáculo era o amor e a paixão de Jesus por nós”, disse o secretário de Cultura, Leandro Mussi.

Além dos profissionais da Cultura, participaram do evento diversas secretarias e forças de segurança, que ajudaram na estrutura do evento, como a Guarda Municipal e a Polícia Militar, além das secretarias de Saúde, e de Mobilidade Urbana.

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