Teshuvah — a resposta de Israel ao ataque do Irã

Na madrugada de 26 de outubro, as Forças de Defesa de Israel (FDI) cumpriram a retaliação prometida contra o ataque realizado pelo Irã no dia 1º de outubro, quando cerca de 180 mísseis balísticos foram lançados indiscriminadamente contra o território israelense, forçando cerca de dez milhões de habitantes a se refugiarem em abrigos antibombas de norte a sul do país. Isso requeria uma resposta militar e Israel a deu. Agora, qual o desdobramento que ela poderá desencadear nos dias futuros?

Ao contrário do ataque iraniano, cujo regime busca a destruição de todo o povo judeu, o ataque israelense visou apenas alvos militares. O objetivo principal é incapacitar o regime de continuar lançando mísseis contra os cidadãos de Israel. Ainda levará dias para que os danos causados na infraestrutura militar iraniana sejam avaliados integralmente, pois isso depende de análise de imagens de inteligência feita por satélites, o que demanda tempo. No entanto, pelas informações que se dispõe até aqui, algumas conclusões podem ser tiradas.

Balanço parcial

Ao todo, as FDI atacaram cerca de vinte alvos militares do Irã. Os ataques foram conduzidos em três vagas que empregaram cerca de cem aeronaves de combate (F-15/F-16/F-35). A primeira vaga realizou ataques precisos contra as baterias de defesa aérea nas fronteiras (S-300 de origem russa) e dos radares que alimentam esse sistema. Isso permitiu o voo das outras duas vagas atacantes em profundidade no território iraniano a fim de atingir os demais alvos. Além disso, teve também o objetivo de remover o risco para as aeronaves das FDI em possíveis operações futuras.

Um deles foi uma instalação de produção de combustível sólido para mísseis balísticos, o que inviabilizará temporariamente o lançamento de mísseis contra Israel. Outro complexo militar de produção de mísseis, próximo a Teerã, também foi atingido. Este seria uma fábrica de mísseis balísticos — espinha dorsal da indústria militar iraniana — e que teria sido totalmente destruída. A estimativa é que leve pelo menos dois anos para recuperá-la.

Adicionalmente, foram destruídas uma fábrica de produção de drones e instalações de pesquisa e desenvolvimento de armas nucleares. As plantas nucleares teriam ficado de fora da lista de alvos. Em suma, esses teriam sido os alvos militares que teriam causado um grande estrago na indústria militar iraniana, forçando-a a retroceder alguns anos para retomá-la plenamente.

Pilotos de combate femininas

Além dos alvos militares no Irã, as FDI destruíram também depósitos de munição iranianos na Síria e no Iraque, o que foi um grande feito estratégico. Esses dois países assolados por guerras passaram a ser uma espécie de quintal do Irã que, por sua vez, estendeu sua influência política e militar até o Mediterrâneo, contando que o Hezbollah é seu fantoche no Líbano. Esse poder estendido começou a ser desafiado, de fato, por Israel que tem operado nesses países a fim de neutralizar o poder militar acumulado pelo Irã nos últimos anos, nessa região, para atacar Israel.

Os cerca de cem caças de combate das FDI executaram sua missão com eficiência, cumprindo-a com raro brilhantismo militar, percorrendo uma distância de cerca de dois mil quilômetros, sendo apoiados por aeronaves de reabastecimento em voo. Apesar dos riscos de entrarem em território inimigo, defendido por baterias de mísseis superfície-ar, bem como da grande distância percorrida em voo noturno, todas as aeronaves retornaram ilesas. Isso comprova o grau de preparo, capacidade e coragem dos pilotos israelenses, o que faz da Força Aérea de Israel uma das mais fortes, senão a mais forte, do mundo.

Um marco ainda maior foi a participação inédita de quatro pilotos femininas que participaram da missão histórica, uma evolução definitiva do papel das mulheres em combate. Além disso, sua participação possui um símbolo bem significativo. A atuação de mulheres judias na destruição dos alvos em território iraniano não deixa de ser uma humilhação para o país que insiste em desprezar as mulheres, relegando-as como seres inferiores por motivos desprezíveis. Vale dizer que as quatro entraram em território iraniano sem usar o hijab, o véu obrigatório pelo regime, pelo qual muitas mulheres já foram espancadas, presas e até mortas por não usá-lo.

Operação “Dias de Respostas”

A operação conduzida pelas FDI para esse ataque ao Irã foi batizada de Mivitza Iamei Teshuvot — Operação Dias de Respostas. Esse nome possui duplo sentido. Sendo teshuvot a palavra para respostas, o nome faz alusão às ações tomadas militarmente por Israel para responder ao ataque do Irã no primeiro dia de outubro. O nome, porém, tem outro significado mais profundo que a imprensa em geral, exceto a israelense, falhou em perceber.

Teshuvot é o plural de teshuvah — a palavra que define a temporada das Festas do Outono na Torá. Os quarenta dias entre o primeiro do mês de Elul (último do calendário judaico) e 10 de Tishrei (Yom Kippur) são conhecidos como Teshuvah. Esse é um período dedicado ao arrependimento, quando o homem deve confessar seus pecados e consertar suas veredas, voltando-se para Deus, antes de enfrentar o juízo que virá inevitavelmente sobre toda a humanidade.

Portanto, embutido no nome da operação, estava uma mensagem velada de que sua missão era fazer o Irã se arrepender de ter atacado o povo de Israel, não somente com seus mísseis, mas através de seus intermediários terroristas como o Hamas e o Hezbollah. A escolha do nome não poderia ter sido melhor.

Teshuvah é a resposta

Após essa operação bem-sucedida, seria natural esperarmos um tempo de relativa calma e paz para a região num futuro próximo, mas as Escrituras nos dizem outra coisa. O regime iraniano já declarou que escalará o conflito com outro ataque contra Israel. Além disso, a Rússia foi indiretamente atingida, uma vez que o Irã lhe fornece drones e mísseis que são empregados na guerra contra a Ucrânia e Israel destruiu as instalações que os produziam.

O Irã não está sozinho, mas faz parte do novo eixo do mal que tem a seu lado Rússia, China e Coreia do Norte. Não há dúvidas de que esse conflito crescente, iniciado há um ano, pode levar a outra guerra mundial. Seria esse o princípio das dores, de guerras e rumores de guerra, mencionado por Yeshua, o que pode levar anos, antes da Grande Tribulação que se iniciará com a falsa paz?

Sabemos que o mundo caminha nessa direção, exatamente como profetizado nas Escrituras. Aqui, mais do que nunca, o chamado ao arrependimento a Israel e a todas as nações nunca foi tão urgente. Uma das principais passagens que exorta a se fazer Teshuvah foi escrita pelo profeta Oséias. Esse texto compõe a porção dos profetas que foi lida nas sinagogas do mundo inteiro, há alguns dias, no Shabbat de Teshuvah (Sábado de Retorno) que cai sempre entre Rosh HaShanah e Yom Kippur.

 “Vinde e tornemos para o Senhor. Ele nos despedaçou, mas nos sarará; fez a ferida, mas a ligará” (Os. 6:1). O verbo para “tornemos” é lashuv, de mesma raiz de Teshuvah. No contexto espiritual, Teshuvah significa arrependimento e retorno a Deus. O nome da operação das FDI tem um cunho profético para esse tempo. Teshuvah é a resposta para Israel, para o Irã e para todos os homens, antes que seja tarde.

 

Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor do livro A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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